O LEITOR - BERNARD SCHLINK
Este foi um livro difícil de escolher porque, normalmente, quando gosto de um filme e sei que é adaptação de um livro, corro para a livraria para ler o livro. Afinal, geralmente os livros são melhores. E quando leio um livro que se torna um filme, corro na locadora para ver a versão. Sou aficcionada em livros e filmes. Minha coleção dos dois é parelha (acho que tenho mais filmes atualmente e não são piratas).
Mas O Leitor me foi recomendado por um colega de profissão. Ele viu o filme e gostou e como sempre trocamos impressões sobre filmes, eu decidi ver o filme. Acreditem, eu ainda não vi o filme. Parece uma sina, mas nunca está na locadora.
Então resolvi incluir o livro no Desafio Literário. E, devo admitir que levei muito tempo para lê-lo. Mas a culpa foi minha e não da história. Primeiro faltou tempo, depois faltou ânimo (afinal a história é triste e eu estava meio deprimida nas últimas semanas), mas a história é rica de detalhes, sensível e muito boa mesmo.
Não sei dizer se o filme está a altura do livro, mas o que posso dizer é que gosto muito da Kate Winslet e ela não deve ter ganho o Oscar à toa.
O que é interessante saber sobre o autor, antes de ler a obra, é que Bernard Schlink é de formação jurídica. Ele é professor de direito e juiz. Isto diz muito sobre os detalhes do livro.
Michael e Hannah tem uma relação amorosa delicada e cheia de sensibilidade. Ele é um jovem de 15 anos, ela uma mulher madura com 20 anos a mais. Seus encontros são recheados da leitura de clássicos e de amor. É quase como um cerimonial: ler e se amar. Então Hannah some sem deixar rastros e Michael conforma-se com o fato.
Sete anos depois, ele, um estudante de direito, é chamado a participar de um julgamento de criminosos nazistas e descobre entre os criminosos Hannah, sua antiga amante, seu amor. A história passa então a ser uma discussão jurídica e moral. Com Michael entre a culpa, o horror e a piedade (amor?) e Hannah que esconde um segredo que poderia liberá-la da prisão.
“Não há árvores. O dia está completamente claro, o sol brilha, o ar vibra, e a rua cintila de calor. As paredes mestras fazem a casa parecer dividida, insuficiente. Poderiam ser as paredes mestras de qualquer casa. O prédio não é mais sombrio do que na Bahnhofstrasse. Mas as janelas estão totalmente
empoeiradas e não deixam que se reconheça nada nos aposentos, nem mesmo cortinas. O prédio é cego. Paro na beira da rua e caminho até a entrada. Não se vê
ninguém, não se ouve nada, nem mesmo um motor distante, um vento, um pássaro. O mundo está morto. Subo os degraus e toco a campainha.
Mas não abro a porta. Acordo e sei apenas que encostei a mão na campainha e a toquei. Então me vem à lembrança o sonho todo e também o fato de eu já tê-lo sonhado.”
“Queríamos abrir as janelas, deixar entrar o ar, o vento que finalmente faria redemoinhar o pó que a sociedade deixara acumular sobre os horrores do passado. Iríamos zelar para que se pudesse respirar e ver. (…) Quem estava a ser julgada naquele tribunal era a geração que se serviu dos guardas e dos esbirros, ou que não os impediu, ou que pelo menos não os marginalizou como deveria ter feito depois de 1945. E o nosso processo de revisão e esclarecimento pretendia ser a condenação dessa geração à vergonha eterna”.
Como vocês podem ver, o autor tem o dom da palavra. Recomendo o Livro e muito! Mas saibam que o tema é pesado e pode deprimir um pouco :-)
Preparem o lenço!
6 comentários:
vc e a Patrícia escolheram o msm livro xD
Medeia,
Mais uma indicando?
Não tenho mais desculpas.
Se bem que drama nã é mto minha praia...
Ótima resenha.
Bjos,
Jê
Oi Medéia,
parabéns pelo excelente comentário. bj
Driza
Estou resistindo ao filme pois prefiro sempre ler o livro primeiro.Esse é meu próximo da pilha.
Bjs.
Nossa, deu uma vontade de ler, vou colocar na lista!
Medéia,
O post está demais, com tantas cenas do filme. Já assisti, mas não li o livro. Estou me preparando para essa história tão forte.
Bjs
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