A Distância entre Nós - Maggie O´Farrell

"Stella e Jake vivem separados por milhares de quilômetros; ela mora em Londres, e ele, em Hong Kong. Nada sabem acerca da existência um do outro, mas, em breve, ambos vão viver experiências que os levarão a deixar tudo para trás e, sem saber, a encurtar a distância geográfica e emocional que os separa. Tentando escapar das próprias vidas, encontrarão um ao outro e a si mesmos. A narrativa desvenda histórias sobre identidades destruídas, laços que as unem e o apelo inconsciente do passado e dos segredos através de gerações."

Maggie O´Farrell é uma das minhas autoras preferidas. A delicadeza e profundidade da sua escrita são hipnotizantes. Ela mergulha nas profundezas da alma humana, revelando medos e desejos dos personagens impactantes que cria para dar vida as suas histórias. Em cada livro, a surpresa espreita o leitor, aguardando o momento de entrar em cena e revirar todo o cenário. Esse livro é todo surpreendente.

Stella é filha dos povos do hífen, como ela diz, ítalo-escocesa, filha de mãe italiana e pai escocês, sendo criada entre duas culturas. Viver essa situação é um desafio. Desde a infância ela sofre com a discriminação dos colegas de escola, progredindo para a vida adulta, onde todos acham exótica a sua mistura de nacionalidades. Aos 28 anos, ela ainda não se encontrou, mudando-se entre diversas cidades, fugindo da família, do contato exterior, sem compromissos com ninguém. Em sua vida, Stella só pode contar com a irmã Nina, mais velha, não tão bonita e de personalidade forte, com um pezinho na loucura. Inseparáveis, as irmãs tem um laço apertado de intimidade e um segredo horrível que compartilham. Conhecemos as duas na vida adulta, com muitas lembranças do passado. Atormentada e perdida, ela foge para a Escócia.

Jake também é um clandestino. Filho de mãe solteira, uma hippie britânica que se fixou em Hong Kong, ele tem traços europeus, criação europeia alternativa, mas, é obrigado a lidar diariamente com o fato de que não se encaixa no país onde nasceu. Pelas ruas do Japão, os nativos não o aceitam como igual, e os estrangeiros não o entendem. Ele também está entre duas culturas muito diferentes. Namorando a britânica Mel, estrangeira que vive em Hong Kong, ele é obrigado a se casar com ela por circunstâncias terríveis. Além disso, já adulto, descobre que o pai desconhecido lhe fez muita falta. Sabendo apenas onde o pai viveu, ele parte para a Escócia para desvendar o seu passado e com esperança que essa seja a chave para melhorar o futuro.

Novamente, a autora traz a fórmula de alternar passado e presente para explicar fatos que o leitor nem imagina. 
Da história não se pode contar muito, pois é tudo revelado aos poucos, como ganchos para os próximos capítulos. O livro fala da distância, não só no sentido de longe, mas também no sentido de perto. A distância quase ausente entre as irmãs. A distância muito longa entre Jake e seu pai. A distância a ser vencida entre Stella e Jake. A distância abismal entre culturas diferentes e a influência dramática nas pessoas que habitam esse universo. 

É um livro emocionante e delicado. É leitura indispensável para quem quer conhecer a autora e sua forma de contar histórias tão peculiar. Recomendo efusivamente.

12 comentários:

Medéia (Carlena) disse...

Muito boa resenha, Aline!
Me deixou curiosa e não li nada ainda desta autora.
Vou anotar não só o nome do livro mas da autora.
Beijos

Leninha Sempre Romântica disse...

Gostei!
Mais um para a lista de desejados, adoro livro assim!
beijão!

Regina disse...

Li um livro dessa autora - gostei do modo como escreve e tudo o mais, mas o final me deixou tão decepcionada que traumatizei! Além de dar o livro para uma biblioteca, nunca mais consegui ler nada dela... Temo me envolver novamente da história e sofrer a decepção de um final sem final...

Mas sua resenha me fez ficar com vontade de dar outra chance a autora... vou colocar na lista de desejados.

bjs

Anônimo disse...

Oi, Regina,

Eu acredito que ter ou não final é muito relativo... Esse livro não teve o final que eu esperava, aliás, nem a história foi o que eu esperava, mas eu adoro me surpreender positivamente.
Reconheço que ficar "no vácuo" é horrível, mas, eu aproveito para viajar na imaginação.

Ah, e o livro tem um final bem definido dessa vez.

Bjs

Aline

Vivi disse...

Pois é, Aline, idealmente já está no carrinho de compras. Valeu pela indicação e pela ótima resenha!

Beijocas

Patricia Cardoso disse...

Olá Aline,

gostei muito do seu post, e já coloquei o livro na minha pilha. Gosto muito de histórias que envolvem relações familiares, e principamentea questão das distâncias relativas de sentimentos. Beijos...

Jeanne Rodrigues disse...

Aline,

Me deixou bem interessada.
Li recentemente um livro meio sofrido então vou deixar passar um pouquinho de tempo.

Ainda não conheço a autora, pelo visto, uma lástima.

Bjos,

Driza disse...

Aline, parabéns pela resenha.
Adorei a dica.

bjs

aLiNe wEIgEl disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Aline, valeu pela dica!
Gosto de história que se passam em várias culturas diferentes, das quais muitas vezes não compreendo a primeira lida. Me "transporta" para o lugar pensando porque as pessoas agem daquela forma. Imagino como deve ser difícil lidar com a incerteza, a falta de identidade. Tenho apreciado livros que os personagens vão crescendo e nós vamos acompanhando.
Valeu pela dica, Aline!

Bjs

Andrezza disse...

Eu estou lendo o livro e esou gostando muito..super recomendo..

Andrezza disse...

Eu estou lendo o livro e esou gostando muito..super recomendo..

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