O Diário da Mariposa é um livro denso e tenso, contado em
primeira pessoa (como em um diário) por uma protagonista que não sabemos o
nome. Através da sua fala, conhecemos suas angústias, suas amizades, seus
temores, dissabores, suas loucuras e suas manias.
Logo na primeira página descobrimos, através da própria
protagonista, que o que leremos a seguir é o seu diário do segundo colegial, de
quando estava num internato, e que está publicando este diário sob sugestão de
seu médico psiquiatra.
Realmente me fez voltar a minha adolescência e lembrar que
qualquer acontecimento naquela época era intenso e cheio de sentimentos. Uma
pequena coisa que nos acontece parece enorme nesta fase, mas quando passamos a
adultos e relembramos eventos que nos ocorreram, pensamos nas bobagens que
imaginávamos e vivíamos. Mas assim é a adolescência: hormônios pulando, amores
que vem e vão, ódio intenso, mágoas profundas, e tudo se esvai com o fim desta
fase.
A protagonista tem uma melhor amiga, como toda adolescente:
Lucy. E esta amizade está balançada desde a chegada da nova aluna: Ernessa.
Ernessa Bloch é sombria, estranha e reservada. Divide com a protagonista apenas
o fato de serem judias e terem Lucy como amiga.
Além disto, seu pai, sonhador e próximo, está morto e sua
mãe lutando para mantê-la. O que a morte de um pai e o afastamento de uma amiga
pode fazer na mente de uma garota?
Quanto mais a história se desenrola, mais perturbador se
torna o diário da protagonista e mais nos perguntamos, quem é Ernessa, ou
melhor, o que é Ernessa?
A década é a de 60, mas nada do mundo exterior parece
atingir as garotas do internato. Só o que as atinge são seus próprios medos e
neuroses. E a protagonista parece influenciada pela literatura vampiresca. E a morte, que ronda e paira no internato, de
alguma forma confirma as piores ideias que ela possa ter.
Como será que o pior ano da vida desta adolescente vai
passar?
Não gosto muito dos dramas, mas quando eles envolvem um
mistério e um pouco de suspense, aí sim, conseguem me prender e manter
envolvida na história até o final.
Rachel Klein é uma jovem escritora que consegue prender a
atenção com muita competência e eu gostei bastante deste seu primeiro romance.
Recomendo muito.