
Li e postei aqui sobre o livro 'O perfume da folha do limão', muito bom por sinal. Agora terminei de ler 'No jardim das feras', que também veio até mim de forma um tanto quanto inesperada.
Explico. Comprei esse livro numa 'livraria conceito' aqui do Rio que não tem muitos títulos de romance, o meu gênero favorito. Acontece que eu tinha umas três horas para esperar um evento, e esse foi o meu passatempo!
Bom, o livro é ÓTIMO, li rapidamente e me encantei com a narrativa. Não é um romance, é uma narrativa jornalística da vida do embaixador americano e sua filha em Berlim entre 1933 e 1937. Essa narrativa é baseada nos diários dos personagens, nas cartas particulares e nas mensagens enviadas através da via diplomática dessas duas personalidades, que estiveram intimamente relacionadas com os eventos que culminaram com a ascensão de Hitler ao poder na Alemanha.
O livro tem a capacidade de nos mostrar como a visão idealista e romântica de Martha Dodd, filha do embaixador, vai se alterando até que ela perceba inequivocamente que a Alemanha estava em rota de Guerra, e iniciando um período de uma ditadura militar sem precedentes. Mostra também como o pai, o Embaixador William Dodd, que inicialmente tinha reservas contra a reação americana, principalmente dos judeus à Alemanha, acaba se tornando a única voz que defende a intervenção americana no conflito europeu e contra Hitler.
As descrições dos locais e das situações apresentadas estão todas fundamentadas em documentos históricos, ou não, mas que conseguem fazer com que todo o conjunto dos fatos seja compreendido, colocando o leitor diretamente na posição do personagem que está no centro da narrativa. São personalidades que realmente estiveram lá, e deixaram para nós suas sensações, suas impressões, seus medos, desejos.
Os Dodd foram parar em Berlim meio por acaso, ninguém mais queria o cargo de embaixador na Alemanha, e William Dodd, um professor de história, amigo de Roosevelt acaba aceitando a indicação, desde que possa viver dentro dos padrões que seu salário permitiam, uma heresia para o mundo dos embaixadores que eram, em sua maioria, filhos da alta classe americana, vivendo em meio ao luxo e às recepções mais onerosas. A família Dodd inova e até emigra para a Alemanha levando seu "velho e surrado Chevrolet".
São personalidades muito cativantes, que tornam a vida dentro das páginas desse livro.
Para mim uma grande surpresa, que abre mais um front (usando um termo da guerra) de leitura para mim!
Abaixo colo algumas fotos dos personagens!
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Martha Dodd |
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Família Dodd em Hamburgo |