Era um dia como outro qualquer em Chester´s Mill, no Maine.
Subitamente, a cidade é isolada do resto do mundo por um campo de força
invisível. Aviões explodem quando tentam atravessá-lo e pessoas trabalhando em
cidades vizinhas são separadas de suas famílias. Ninguém consegue entender o que
é esta barreira, de onde ela veio e quando – ou se – ela irá
desaparecer.
Dale Barbara, veterano da guerra do Iraque, se une a um
grupo de moradores da cidade para manter a situação sob controle. A força de
oposição é representada por Big Jim Rennie, um político que está disposto a tudo
– até matar – para continuar no poder, e seu filho, que guarda a sete chaves um
horrível segredo.
Mas essa não é a única preocupação dos habitantes. O
isolamento expõe os medos e as ambições de cada um, até os sentimentos mais
reprimidos. Assim, enquanto correm contra o pouco tempo que têm para descobrir a
origem da redoma e uma forma de desfazê-la, ainda terão de combater a crueldade
humana em sua forma mais primitiva. Sob a Redoma é um
thriller arrebatador e uma inquietante reflexão sobre a nossa própria
potencialidade para o bem e o mal.
Fazia tempo que não lia um livro do Stephen King e, quando vi
esse lançamento, já fiquei tentadíssima, mas não animada a encarar a montanha de
folhas. Mas ao saber que esse livro pode virar uma mini série, a tentação venceu
e resolvi encarar as 960 páginas dessa história sensacional!
King nos leva até a cidadezinha de Chester´s Mill e sua
população comum. Mas "comum" é algo que vai acabar completamente, numa manhã de
sábado, quando uma misteriosa redoma isola toda a cidade do resto do mundo. A
voz narrativa de King é forte e poderosa e ela vai nos conduzindo,
primeiramente, de pessoa a pessoa que primeiro presenciam o surgimento dessa
barreira invisível. E depois essa voz vai nos mostrando a surpresa e o terror e
a incompreensão que esse fato vai provocando nas relações humanas e na interação
com o ambiente. Não somos poupados de cenas muito fortes e terríveis e nem das
cenas em que há cooperação e ajuda entre os habitantes.
Os personagens vão nos sendo apresentados pelo narrador e vamos
podendo formar nossas opiniões. Devo dizer que algumas vezes nos enganamos – e
muito – e temos de reformular essas opiniões constantemente no decorrer da
história. Por exemplo, quando conheci Big Jim o achei canastrão e demagogo e
aproveitador, mas basicamente um bufão sem cérebro. Só que na verdade ele se
revelou esperto e perigosíssimo e de bobo não tinha nadica de nada! Alguns, como
o Rennie Jr, já mostram muito bem o que são e nos surpreendem apenas com a falta
de limites e crueldade de que são capazes.
Outra surpresa fica com o comportamento da população conforme
vão percebendo que a redoma é real e que eles estão presos lá. Eles são
facilmente manipulados por Big Jim e reagem exatamente como ele previa. E acho
que esse é um dos melhores momentos de King, pois ele nos leva a imaginar como
nós agiríamos na mesma situação... É terrível pensar em como, num grupo,
poderíamos facilmente agir de modo diferente do que estamos acostumados. Esse
"será que eu seria do grupo do Barbie ou do Big Jim" é algo que pode
nos deixar entretidas por horas – horas em que estamos trabalhando e não podemos
ler, mas jamais esquecendo dos acontecimentos do livro e deixando os pensamentos
voar (e eu acho que esse é outro trunfo da história, pois ela gruda em nossa
mente e ficamos ansiosos por saber o que vem pela frente).
Outro ponto que achei interessante foi o modo como King
retratou a fé – e as igrejas – no decorrer da história. Na cidade de Mills só
existiam duas igrejas: a Congregacional, cuja pastora era Piper, uma mulher que
tinha perdido a fé, mas continuava orando e pregando; e a Sagrado Cristo
Redentor, cujo pastor era Lester, um homem de fé, mas ao mesmo tempo envolvido
nas falcatruas de Big Jim e companhia. Se vocês me perguntarem o que achei de
interessante posso citar o fato de que ser devoto e congregar numa igreja não
faz com que a pessoa seja boa ou correta ou cumpra seus deveres como manda os
mandamentos e normas das religiões; ao mesmo tempo em que uma pessoa que se
culpa por não ter fé é aquela que estende à mão aos outros na hora da
necessidade. E como conheço muitas pessoas assim, que não largam da barra da
batina e/ou terno dos padres/pregadores, mas nunca têm tempo para ajudar e vira
as costas a quem precisa, tal fato me chamou muito a atenção. Isso e o fato de
Big Jim cometer os crimes que comete e exigir "Améns" de seus comparsas e tendo
a certeza de que está realizando a vontade de Deus.
O livro tem um ritmo intenso e sempre tem algo acontecendo ou
sendo tramado ou premeditado. E a narração não perde o passo e sempre mantém o
leitor interessado e ansioso. Eu curti cada momento – mesmo os mais terríveis –
e torci pelos heróis e não via a hora de descobrir o que era a redoma e como ela
surgiu (se bem que não gostei muito da explicação) e sofri com os personagens e
a cidade o tempo todo. Esse não é o tipo de livro em que se consiga ficar
indiferente durante a leitura. Super recomendo!
9 comentários:
Regina, como vc. fazia tempo q não lia nada do King - anos, para ser correta - já tinha lido muitas obras do autor e sem medo de errar este foi o melhor livro dele.
O livro é adrenalina pura, no final entrei em desespero, só consegui dormir as tantas da madrugada em plena vespera de Natal, tendo q me levantar cedo para os preparativos da ceia. A força do texto é inegavel, gostei do King ter colocado um protagonista - Barbie - o mostrando como uma pessoa comum, nada cliche como um ex-militar heroico e nos momentos de crise a superação dele, suas duvidas, seus medos. O mote da religião foi um tapa na cara dado por King nos modelos atuais de religiosos q vemos por aí.
Até me animei para ler Duma Key do autor. Recomendo a leitura. Pena são os preços dos livros, muita gente vai deixar de ler uma das melhores obras do autor.
Estou a tempos querendo ler esse livro... sempre quis ler algo do King, mas como sou hiper medrosa, achei que esse seria um bom candidato... já está na minha lista de compras...
Já vi que vou me identificar com algumas coisas desse livro, ano passado deixei de frequentar a igreja que ia desde pequena, justamente por achar que não é o ato de ir a uma igreja que me torna melhor, o que muitas pessoas parecem achar que já basta, que já estão fazendo "a vontade de Deus"... sua resenha me deixou ainda mais curiosa!!
beijos,
Dé
Comecei a ler hoje!! É um dos meus autores favoritos e não tem como não "devorar" os livros dele. Li sobre a criação da capa pela Platinum, achei muito legal.
Terminei de ler o livro nessa madrugada, não gostei da explicação pra redoma, estou ainda digerindo, mas acabo de chegar a conclusão de que não importa quem é o responsável e sim como agimos diante de um situação inusitada. É um ótimo livro. Sou Kingmaníaca...rs.
Terminei de ler o livro nessa madrugada, não gostei da explicação pra redoma, estou ainda digerindo, mas acabo de chegar a conclusão de que não importa quem é o responsável e sim como agimos diante de um situação inusitada. É um ótimo livro. Sou Kingmaníaca...rs.
Oi, Regina!
Desde o lançamento desse livro, estou doidinha para comprar. O problema está no preço (um pouco salgadinho, e por essa razão vou esperar por uma promoção) e também porque nunca li um livro do Stephen King (eu sei, é uma vergonha... rsrs).
Bjs!
Stephen king.... esse livro promete. Cristina.
Oi Regina!
Parabéns pela resenha e por ter sido a única me fez querer ler 'Sob a Redoma'! rsrsrsrs
Da forma como você colocou o livro me interessou muito! E olha que já li, pelo menos, umas cinco resenhas diferentes!
Bjos
Oi Juliano. Não conhecia esse livro e vou correndo procurar. Obrigada pela dica.
Postar um comentário
Muito legal ter você aqui no nosso Chá das Cinco!
Quer deixar um recadinho, comentário, sugestão?
Faça valer a sua opinião! Seja educado(a). Gentileza aqui sempre tem vez. Portanto, mensagens ofensivas não serão publicadas.