O tamanho do céu - Thrity Umrigar


Eu tive a felicidade de ganhar um exemplar de Lançamento do livro O tamanho do céu da Thrity Umrigar. Foi um presente de natal que recebi do grupo Ediouro pela parceria feita durante o ano passado. Não por acaso trata-se de um livro cuja história calhou com as experiências que vivenciei em 2009. Cheguei a comentá-las com a Natasha (da Agência Frog) e creio que ter esse livro em mãos é fruto da sua sensibilidade.

Amei a história. Um soco emocional! Porque a autora acerta em cheio ao falar das perdas e, sobretudo, dos danos que causam em nós. Nunca havia lido nada da autora apesar de um misto de curiosidade e esquiva que tomava conta de mim ao me deparar com seus livros sempre bem localizados nas ilhas das livrarias e na lista de bestsellers dos jornais e revistas que costumo ler. Mas, quando li a sinopse senti que era a oportunidade de lidar com o tema da morte inesperada e das feridas não curadas. Não pense que pela temática, o livro é denso e difícil. Longe disso. Thrity Umrigar é competente em tratar o tema de maneira leve e, arrisco dizer, até superficial como se destinado a quem quer apenas entreter-se.

O livro nos conta sobre o difícil caminho que Frank e Ellie terão de percorrer para superar a perda de Benny, seu filhinho de sete anos de idade, para uma doença súbita. Uma oportunidade de trabalho na Índia transforma-se na chance de começar de novo. Talvez em um lugar distante, a dor não pese tanto. Em pouco tempo, a esperança de um alívio demonstra ser mera ilusão. Sua estada na Índia logo se comprova um desastre esperando acontecer, uma vez que tudo muda de figura quando Frank faz amizade com Ramesh, o filho do caseiro. Assombrado pelas recordações de seu filho morto, Frank alucina com a ideia de fazer de Ramesh o substituto de Benny querendo se apropriar de um filho que não lhe pertence. Cada vez fica mais claro que ele não medirá esforço para resgatar o paraíso perdido sem se dar conta do quanto esse resgate do pedacinho do céu de outrora pesará para si e para os seus.

Sim, é um livro com um discernimento moral afiado, os personagens são muito preto no branco e extremamente estereotipados. Contudo, me pergunto se isso não seria uma um estratégia para incitar a reflexão sobre a particularidade e a complexidade da situação julgada em que o desafio ético fica para quem lê. Estaria a autora de forma tácita expressando um encorajamento para fazer-nos desvencilhar dos preceitos morais rígidos? Não sei responder, mas foi o que senti. A história não merece descrédito por seu teor moralista, afinal, porque não o moralismo se quando de forma crítica nos mostra a realidade moral de nossos comportamentos, de nossa maneira de ser? Li críticas que desmereciam a obra pelo moralismo e superficialidade. Eu prefiro pensar que a literatura não se limita a dizer sempre coisas profundas que, às vezes, matam a história. Gosto também de pensar que um escritor brinca de esconder uma verdade essencial e profunda em aparente superfície. Chegar até os bastidores fica por nossa conta. Também gosto de pensar que um escritor às vezes escreve para refutar a si mesmo. Talvez seja isso ou apenas rodeios da minha mente. Sabe-se lá!

Mas voltando à trama, no decorrer do romance, somos instados a pensar sobre como as boas intenções podem facilmente se converter em algo diabólico, sobre como um cidadão aparentemente pacato como Frank pode apresentar uma faceta tão repugnante e odiosa. Para quem, assim como eu, se chocar com as atitudes de Frank, vale um conselho: analise Frank antes e depois de Benny, veja sua história de infância, a sua reação extremada quando decide que Ellie é a mulher de sua vida e a facilidade em se autovitimizar culpando os outros por sua dificuldade em lidar com o sofrimento. Bem esse pano de fundo não justifica sua vilania, mas explica suas escolhas. Vale ressaltar como pontos interessantes da leitura as perspectivas culturais contrárias e complementares de indianos e norte-americanos face à natureza fragmentada de uma Índia globalizada. Creio que apesar dos lugares-comuns e dos estereótipos, Thrity Umrigar sabe muito bem como contar uma história. Eu recomendo.

Para saber mais veja o minisite do livro

5 comentários:

Érica Ferro disse...

Nossa, deve ser bem emocionante e envolvente.

Um abraço.

Regina disse...

Vivi

Acho que é uma leitura que vale a pena!!! Pensar que quase o comprei outro dia... acho que vou ter de remediar isso urgente!

bjs

Driza disse...

Oi Vivi,
gostei do seu depoimento. Muito mais que um comentário.

bjs

Jeanne Rodrigues disse...

Vivi,

Acho que eu gostaria dele tbm.

Adorei sua resenha.

Bjos,

Adriana disse...

Vivi! Nossa! O ano começou com profundas reflexões!

Eu não sei, tenho algumas restrições aos temas relacionados com a Índia, mas ao que parece a história desse livro é sobre o ser humano, e suas várias facetas...talvez seja o meu número (como dizem por aqui)rs!

Contudo, acho que uma história com tal intensidade não deve ser lida levianamente, por isso, o momento precisa ser levado em consideração, principalmente em se tratando da história da perda de um filho, o que sempre me toca profundamente!

Bom, ponderando tudo, vou ler! Só não sei quando!

Bj!

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