"Julia Jarmond é uma jornalista americana que vive em Paris há 25 anos e é casada com o arrogante e infiel Bertrand Tézac, com quem ela tem uma filha de onze anos. Julia escreve para uma revista americana, e seu editor pede que ela cubra o sexagésimo aniversário da grande concentração no Vélodrome d’Hiver - um estádio no qual dezenas de milhares de judeus ficaram presos antes de serem enviados para Auschwitz. Ao se aprofundar em sua investigação, Julia constata que o apartamento para o qual ela e o marido planejam se mudar pertenceu aos Starzynski, uma família judia imigrante que fora desapossada pelo governo francês da ocupação, e em seguida comprado pelos avós de Bertrand. Ela resolve descobrir o destino dos ocupantes anteriores. É revelada então a história de Sarah, a única sobrevivente dos Starzynski a sobreviver. Ao escrever sobre o passado da França, Tatiana de Rosnay oferece em 'A Chave de Sarah' um retrato da França sob a ocupação nazista, revelando tabus e negações que circundam este doloroso período da História francesa. "
Sempre gostei das leituras que me remetem aos fatos históricos, em especial, aos menos comentados e conhecidos. O episódio que serve de mote para o livro foi um acontecimento da história francesa que, até hoje, permanece na obscuridade. Não há vontade de lembrar um momento terrível, que só gerou morte e dor. É algo que precisa ser apagado da mente daqueles que recordam, e deve ser negado aos mais jovens, como matéria proibida. Caberá a uma das personagens do livro trazer à tona a voz daqueles que sucumbiram ao terror da Segunda Guerra Mundial.
O livro nos conta a história de Sarah, a sobrevivente da tragédia do Vel d'Hiv. Nesse estádio francês foram presas diversas pessoas judias, incluindo-se crianças, que eram maioria. No início, vítima da guerra, depois uma guerreira ainda menina, Sarah se fortalece para realizar uma missão, resgatar o irmão. Os sentimentos da garotinha estão presentes com força na narrativa, que é em primeira pessoa. Ela nos emociona à medida que nos descreve, com riqueza de detalhes, as condições degradantes pelas quais passou durante o encarceramento no estádio, com milhares de pessoas, em sua maioria, mulheres e crianças, até a sua fuga em busca do irmão. É chocante observar a maneira como eram tratados os judeus, até mesmo os de meses de idade, relegados ao ostracismo, sem comida, sem água. Por diversas vezes, indignei-me, fiquei triste e deixei as lágrimas correrem.
Na época atual, há a história de Julia, a americana que reside na França há muitos anos. Casada com um francês charmoso, de família influente e tradicional, a jornalista encontra dificuldades em se situar dentro da rigidez e dos costumes franceses. O choque de idéias fica ainda maior quando ela é designada para uma reportagem que lembrará os 60 anos do Massacre do Vel d'Hiv. Todos os familiares franceses se voltam contra ela e a acusam de estar difamando a França por ser americana. Mas, ela não imagina que a família tem outros motivos para desejar que sua reportagem não aconteça. Julia não retrocede na sua tumultuada pesquisa, e, ao saber que Sarah sobreviveu, o impacto da história da menina será transformador para sua própria vida. Para as duas personagens, há uma profusão de acontecimentos inesperados que vão ditando os rumos de forma surpreendente. Para o leitor, é uma leitura absorvente. Um livro muito emocionante, para refletir. Recomendo com prazer.
18 comentários:
Sempre quis ler esse livro, desde o lançamento,mas daí sempre vinha outro que eu acabava escolhendo. A sua descrição do livro, mas faz decidir loho, qual será a minha próxima aquisição.
bjs
Olá!
Nossa! Fiquei curiosa sobre esse livro...
Ah! Confira a resenha que fiz de Lua Nova no Solidão secreta!
Beijos*
Oii! sempre visitava seu blog, mas não comentava pois ainda não tinha blog nem perfil, agora tomei coragem e me tornei blogueira também, poderei comentar sempre ^^. Esse livro me deixou bastante curiosa, nao sabia da existência dele, mas tenho já a certeza de que vou gostar, pois esse tipo de história me interessa muito, principalmente por remeter a época da segunda guerra mundial que é um dos temas que mais me interessa. Beijos e parabéns pelo blog e pelas bocas dicas, eu as adoro ;)
Deve ser muito bom!
:*
Fiquei super curiosa para ler. Adoro esse tipo de romance também!
bjs
Oi, Aline
O teu post é lindo.
Só peço cuidado ao dizer que acontecimentos terríveis do passado podem trazer coisas boas ao presente... isso certamente não se aplica ao nazismo e ao holocausto... é um erro tremendo dos livros e filmes trazer uma visão "bonita" do acontecido... até hoje na assisti "A vida é bela" por isso...
Não há nada poético no horror da Segunda Guerra... Ela só trouxe sofrimento e destruiu famílias inteiras...
Este livro está na minha pilha também...
beijos
Oi Aline,
também fiquei interessada, devido ao seu comentário.
bjs
Nossa, adorei!!! Bem a minha cara!
beijinhos
OI, meninas,
Obrigada pelos comentários!
Ana,
Não quis dizer que a guerra, o nazismo, o sofrimento, são poéticos. Acho que você não entendeu minha colocação. Só lendo o livro para saber que este acontecimento, em particular, mudou a vida da personagem Julia para melhor. Não apóio qualquer forma de "embelezamento" de tragédias, e esse livro é exatamente o oposto, ele desvenda um momento trágico esquecido na história francesa. De qualquer forma, se ler o livro, você certamente entenderá.
Abraços!
Só para finalizar, retirei a infeliz e dúbia idéia do post. Alguém mais que não leu poderia ter uma interpretação errônea.
Bjs a todas!
Aline,
não gosto mto de ler os livros da 1ª e 2ª guerras.
Já li alguns mas sempre fico com aquele momento engasgado.
Nem os filmes eu curto.
Mas os fatos historicos tem que serem apresentados. Para que atrocidades como essas nao se repitam.
E qdo o livro conquista assim eu fico com vontade de ler.
Vou deixar mais pra frente.
Parabéns pelo post.
Bjos,
Jê
Aline!
Lindo post! Eu gosto muito desse período da história, mas sempre fico, como a Jê, meio engasgada com tudo o que foi feito nesse período!
É com certeza uma das minhas próximas aquisições!
Bj!
Olá Aline,
gosto muito deste tipo de história. Mais um pra minha lista.
Beijos,
Paty
Esse tipo de história muito me interessa, Aline. Como você mesma disse gera reflexão. E uma vez tendo como aliado o prazer, não poderia deixar de colocar o livro em minha wishlist. Belo post!
Beijocas
Aline,
Eu li e amei!!! O livro é simplesmente MARAVILHOSO! Parabéns! A sua resenha retrata bem a fantástica história que o livro conta.
Não sei se você já leu, mas outro romance muito bom que comenta sobre a história dos judeus é As Memórias de um Livro. Muito bom! Ele conta desde o massacre na Espanha, passando pela 2 GM e acaba em Saravejo.
Ótima escolha!
Já tinha lido uma crítica sobre o livro quando resolvi comprar.
Como adoro histórias da Segunda Guerra, foi uma leitura inesquecível.
Foi um dos livros que li esse ano e que mais gostei :)
Que história linda, emocionante.Devorei as páginas até o final.
Bjs.
Esse livro me faz pensar em dor, o nazismo me lembra isso. Uma dor profunda que não consigo entender...E aposto sim, que se lesse sobre a vida de Sarah e sua luta lágrimas iriam rolar (e como!).
Concordo em sua primeira frase da resenha! Eu estou doida para ler A vida em Tons de cinca, que fala sobre o lituanos! Pouco se sabe sobre eles por estas bandas de cá!
Bjs
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