“Elza é a heroína que não chegou a ser, a anti-heroína que não chegou a ser. Você entende? Um personagem sem narrativa, uma peça de formato grotesco. Impossível encaixar Elza em qualquer tabuleiro: nem à direita nem à esquerda, nem em cima nem embaixo. Não era para ela estar ali. Elza só nos resta lamentar, como um acidente. Sua morte não oferece possibilidade de redenção, é uma morte torpe. Elza morreu como uma cadelinha por engano, por esporte, por despeito, por nada. Ninguém a vingou, a própria idéia de vinga-la é inconcebível. Vingar como? Toda vingança histórica é um epílogo, um grand finale que nos obriga a reescrever a narrativa pregressa a partir desse cabo, transformando injustiça em justiça, caos, em ordem. Como fazer isso com Elza? Em que história ela ficaria confortável? Em que história, me diz?”
***
Essa talvez seja a história de Elza, uma menina que considerada culpada, de sua própria ignorância ou boa-fé (quem sabe) foi julgada, condenada e executada pelo PCB nos fins dos anos 30.
Talvez seja a história de Xerxes, um comunista arrependido, ou a de Molina, um escritor decadente que se vê envolvido numa trama esquisita, onde mentira e verdade se mesclam de forma que não se sabe onde uma começa e termina a outra.
Pode ser também a história da política brasileira, já que esquerda e direita se confundem tanto que uma é mais truculenta do que a outra quando assume o poder, ou mesmo e até pior quando não assume.
O livro é um conjunto de enganos. O ambiente histórico para mim não fica claro, as pesquisas, embora o autor pareça saber do que escreve não me alcançou ou tocou, talvez até tenha tocado, já que no fim fiquei enojada da maneira como tudo nesse país parece descambar sempre para a punição do mais fraco para agradar alguém, normalmente um alguém tão distante como a IC (INTERNACIONAL COMUNISTA) ou a CIA.
A ficção também não decola. Xerxes é um engodo. Molina é tão decadente que não tem graça, os personagens periféricos são fracos.
Interessante, eu tento, tento, tento ler os autores brasileiros atuais e sempre, sempre, com raríssimas exceções, fico decepcionada. O lado histórico da trama é um pano de fundo que não encanta, as personalidades não são cutucadas, os personagens fictícios não são atraentes, não criam aquele link com o leitor. Eu sinto falta na literatura brasileira contemporânea de uma leitura envolvente, que nos preenche, deixando aquela vontade de devorar as palavras, de esquecer tudo o mais que não seja a trama apresentada.
Elza, no fim, continua sendo a pobre coitada que talvez seja culpada, talvez não. Prestes o líder comunista fracassado, que talvez tenha tido envolvimento na execução dela, talvez não. Miranda (o secretário do Partido e amante de Elza) talvez um louco apaixonado pela garota, talvez um falastrão, ou talvez um traidor...e os personagens, Molina, um bobo, facilmente enganado, pelo Xerxes, pela menina com quem tem um relacionamento, pela irmã dela, sei lá...
O link do livro é esse www.elzaagarota.com.br, para mim o livro do talvez...talvez você goste.
Talvez seja a história de Xerxes, um comunista arrependido, ou a de Molina, um escritor decadente que se vê envolvido numa trama esquisita, onde mentira e verdade se mesclam de forma que não se sabe onde uma começa e termina a outra.
Pode ser também a história da política brasileira, já que esquerda e direita se confundem tanto que uma é mais truculenta do que a outra quando assume o poder, ou mesmo e até pior quando não assume.
O livro é um conjunto de enganos. O ambiente histórico para mim não fica claro, as pesquisas, embora o autor pareça saber do que escreve não me alcançou ou tocou, talvez até tenha tocado, já que no fim fiquei enojada da maneira como tudo nesse país parece descambar sempre para a punição do mais fraco para agradar alguém, normalmente um alguém tão distante como a IC (INTERNACIONAL COMUNISTA) ou a CIA.
A ficção também não decola. Xerxes é um engodo. Molina é tão decadente que não tem graça, os personagens periféricos são fracos.
Interessante, eu tento, tento, tento ler os autores brasileiros atuais e sempre, sempre, com raríssimas exceções, fico decepcionada. O lado histórico da trama é um pano de fundo que não encanta, as personalidades não são cutucadas, os personagens fictícios não são atraentes, não criam aquele link com o leitor. Eu sinto falta na literatura brasileira contemporânea de uma leitura envolvente, que nos preenche, deixando aquela vontade de devorar as palavras, de esquecer tudo o mais que não seja a trama apresentada.
Elza, no fim, continua sendo a pobre coitada que talvez seja culpada, talvez não. Prestes o líder comunista fracassado, que talvez tenha tido envolvimento na execução dela, talvez não. Miranda (o secretário do Partido e amante de Elza) talvez um louco apaixonado pela garota, talvez um falastrão, ou talvez um traidor...e os personagens, Molina, um bobo, facilmente enganado, pelo Xerxes, pela menina com quem tem um relacionamento, pela irmã dela, sei lá...
O link do livro é esse www.elzaagarota.com.br, para mim o livro do talvez...talvez você goste.
8 comentários:
Oi Adriana.
Gostei do resumo do livro e de seu comentário!
Eu raramente leio autor nacional, não por preconceito ou algo assim, mas por falta de vontade ou oportunidade mesmo. Como vc disse, talvez eu leia esse livro (o assunto me interessou).
bjs
Talvez eu leia o livro...
Beijos,
Paty
Oi Dri,
mandou ver heim! Passou o seu recado. Independente do livro ter qualidade ou não, adorei seu comentário.
bjs
Oi, Dri,
O resumo é bem interessante, mas seu comentário sincero me fez perceber que não é meu tipo de literatura.
Parabéns pelo post.
BJS
Hum, realmente também não me dou bem com literatura brasileira. Mas sugiro dois autores pra vc... Augusto J Cury (O vendedor de sonhos) - descobri esses dias que ele é brasileiro! E flavia Muniz, no seu incrivel livro de vampiros "Noturnos" - acredite, vale mt a pena ler... apesar do nome um tanto bobo. =)
Meninas! Obrigada pelos comentários. Quando comecei a escrever o post fiquei preocupada de ter exagerado, mas escrevi o que senti realmente.
Que bom que vocês gostaram.
Naru-chan, obrigada pelas dicas, vou procurar esses autores, quem sabe dou sorte.
Bj
Dri, bela opinião! E devo dizer que ela conta muito.
E digo mais: o fato de não ter gostado do livro não elimina a possibilidade de outras pessoas gostarem e vice-versa. Afinal, livros são feitos também para enfrentar o crivo da crítica de cada leitor em particular.
Sendo assim, sinta-se livre e sem culpas ao expressar sua opinião. ;)
Afinal, o que me agrada mais nesse espaço do chá, dentre outros fatores, é a diversidade de opiniões, estilos e recomendações de leitura.
Ao contrário de você, gostei do livro e o achei muito esclarecedor quando parei para pensar que a a aparência de incompletude e obscuridade do texto de Rodrigues é muito mais reveladora do que o próprio texto e narrativa apresentam. A história de Elza revela muito do esquecimento calculado e premeditado da história brasileira. Na minha visão é esse contexto que precisa ser compreendido e é também onde o livro alcança o objetivo de ser um romance sem cair no ranço da denúncia. È onde eu posso ver o toque de mestre da escrita do autor e sua excelente técnica. Também é preciso considerar que as documentações relativas ao caso de Elza se apagaram intencionalmente por interesse político. E essa ausência diz muito mais do que qualquer documentos que o autor pudesse acenar como prova de que os fatos realmente aconteceram.
Gostei muito quando você levantou a questão da literatura dita contemporânea quero acrescentar outras questões sobre isso. Licencinha...rs
No que diz respeito à literatura não consigo enquandrá-la em espaços de tempo que compreendem o ontem e o hoje. Para mim, livros são vivos ainda que seus autores estejam mortos. Numa livraria, autores vivos e mortos têm seus livros dispostos lado a lado nas estantes e ilhas. E atualidade da literatura brasileira e universal, na minha opinião, é o que estou lendo no momento sem excluir o que ainda não li. Entende?...rs
Gosto mais quando se coloca os autores brasileiros novos em questão...e, nesse sentido, concordo com você, às vezes, me frustro. Mas, não posso dizer que é uma constante da literatura brasileira uma vez que tenho lido livro nacionais numa escala menor se comparada aos livros estrangeiros, e por isso, não me sinto capaz de julgar com propriedade a literatura brasileira em seu conjunto. O que posso aventar é a possibilidade quase certa de estar perdendo muita coisa boa escrita por aí em nosso território
Dri, agradeço pelo bom post e ótima discussão que suas palavras ensejam.
Desculpem o falatório e beijocas!
Vivi, faltava você!
Obrigada pelo comentário. Realmente a história não me prendeu.
Concordo que a nossa história e política são um campo fértil para boas reflexões, principalmente para aquelas necessárias às mudanças que o país já não pode mais esperar.
O que me deixou perplexa nesse livro é o fato de que nem o contexto histórico nem o romance emplacaram para mim.
Contudo, como você ressaltou, o melhor da leitura e do blog é o de que há espaço para todas as opiniões.
Bj!
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