Para falar de Kevin Khatchadourian, 16 anos – o autor de uma chacina que liquidou sete colegas, uma professora e um servente no ginásio de um bom colégio dos subúrbios de Nova York –, Lionel Shriver não apresenta apenas mais uma história de crime, castigo e pesadelos americanos. Arquitetou um romance epistolar em que Eva, a mãe do assassino, escreve cartas ao marido ausente. Nelas, ao procurar porquês, constrói uma meditação sobre a maldade e discute um tabu: a ambivalência de certas mulheres diante da maternidade e sua influência e responsabilidade na criação de um pequeno monstro.
Precisamos falar sobre o Kevin discute casamento e carreira; maternidade e família; sinceridade e alienação. Denuncia o que há de errado com culturas e sociedades contemporâneas que produzem assassinos mirins em série e pitboys. Um thriller psicanalítico no qual não se indaga quem matou, mas o que morreu. Enquanto tenta encontrar respostas para o tradicional “onde foi que eu errei?” a narradora desnuda, assombrada, uma outra interdição atávica: é possível odiarmos nossos filhos?
Enfim, terminei de ler "Precisamos Falar sobre o Kevin", li em aproximadamente 25 dias, entre outras leituras. Levei esse tempo todo para lê-lo, não porque o livro seja ruim, mas por não estar num momento muito apropriado para esta leitura.
O livro relata lembranças de Eva, mãe de Kevin, através de cartas que escreve para seu marido ausente Franklin, tentando chegar ao porquê de Kevin, seu filho adolescente ter cometido um crime tão bárbaro, em que chacinou sete colegas, uma professora e um servente de sua escola. O momento do livro são dois anos depois da tragédia, e Eva faz visitas regulares ao seu filho, e aterrorizada pela forma que ele destruiu vidas e sua família, Eva se dedica a expurgar seus sentimentos através dessas cartas.
Eva não poupa detalhes e vai fundo em seus sentimentos. Ela descreve a vida de Kevin, bem antes de seu nascimento, quando Eva, uma empresária bem sucedida, descendente de armênios e cidadã do mundo case-se Franklin, um americano-padrão. Passam-se uns anos e Eva sente a necessidade de melhorar o seu casamento, resolve então ter o tão esperado filho que seu marido desejava
Eva então percebe que com a chegada de Kevin, seu casamento não melhora e agora ela tem um ser que ela tem que aprender a interagir, e principalmente ela tem que gostar. Mas, gostar de Kevin torna-se um problema, pois Eva não sente aquela conexão que todos dizem que é natural entre mãe e filho, além de que Kevin era um bebê indócil, com cara de fuinha.
Sim, Eva é extremamente sincera em suas lembranças e também não sente remorsos, ela analisa friamente sua relação com seu filho, e acha que Kevin sempre foi maquiavélico. Isso é muito impactante, pois, estamos acostumadas ao ser mãe, que ama incondicionalmente e acima de tudo: perdoa tudo. Eva não é assim ela não quer saber: onde foi que eu errei? Ela aponta as suas falhas na tentativa de se aproximar do seu filho, mas, também levanta uma grande questão: como proteger o mundo do seu filho?
Achei o início do livro cansativo, mas, quando mergulhei nas lembranças de Eva, fiquei muitas vezes em choque pela sinceridade do personagem, e com seus questionamentos, mas, não dá pra negar que “Precisamos falar sobre o Kevin”, é um livro muito bom, por justamente ser forte, polêmico, e principalmente muito atual com tantos monstros soltos por aí afora no mundo.
14 comentários:
é o tipo de leitura que não me atrai.. não gosto de ler muito sobre isso... mas pareceu-me bem intenso e dramático, até porque estamos vivenciando esta realidade e todos os dias bate à nossa porta.
Eu estou afim desse livro faz tempo, e acho que ele chega essa semana.
Eu imagino que seja realmente um livro denso, até pelo tema. E entendo esse sentimento meio frustrado, quando a leitura demora para acabar, não porque é ruim. Por muitos outros motivos.
Gostei dos comentários.
liliescreve.blogspot.com
Eu estou com vontade de ler esse livro desde que ele foi lançado. Adoro livros que envolvam essa temática e por mais que ele possa ser cansativo no começo, se o resto valer a pena tá tranquilo. :)
Um beijo,
Luara - Estante Vertical
Gosto de leituras assim, bem reflexivas. Ao que parece essa mãe reconhece que errou na criação do filho, e tenta entender o porquê. Existem pais que não entendem o porque dos filhos terem o seu lado mau, e muitas vezes estão nas atitudes desses mesmos pais.
soniacarmo
retalhosnomundo.blogspot.com.br
É difícil saber se as pessoas nascem com alguns distúrbios ou se é a criação, a falta de amor que as leva a ser como são. Infelizmente esse é um tema bem atual, é importante refletir sobre ele!
Paty,
passo longe de livros assim, pois sofro demais com historias como essa.
mas acho super valido que se comente e debata o assunto, mas nao quero adentrar mais profundamente que é o que aconteceria ao ler o livro.
Bjos
Paty, acho q vc foi tão sincera quanto a mãe do Kevin(Eva)na sua postagem...rsrsrs. Bem clara e objetiva! Parece ser um livro bom, mas não me prenderia no momento...
PARECE SER UM LIVRO BEM INTERESSANTE!
Dica anotada aqui no caderninho, páginas lotadas por sinal, kkk
Não é um livro que me interessa, mas quem sabe um dia. Valeu pela dica.
Sinto que preciso ler esse livro.
Embora chocante, forte, me senti atraída por causa da ligação mãe e filho.
bjss Paty
Paty,
Um dos melhores livros que já li. A escrita da Lionel é profunda, hipnótica.
A resenha disse tudo, o livro é polêmico, forte e necessário.
Bjs
Uau, parece um super livro. Adoro livros assim profundos.
Vou colocar na listinha!
Patrícia,
Esse livro não faz muito o meu estilo, mas gostei muito da resenha!
Vou deixar anotado, e quem sabe um dia eu me arrisque nessa leitura.
Bjs!
o livro é muito bom..... mas arrepiante..... é horrível saber que realmente existe alguem tão mal...... pra que gosta do genero recomendo.....
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