Jidá, fim dos anos 1980. Depois de turbulência política em sua terra natal, Naser, um jovem eritreu de 20 anos, foi obrigado a emigrar para a Arábia Saudita. Lá as mulheres vivem escondidas sob véus, os homens possuem plenos poderes, e a justiça dos ricos e poderosos prevalece. Naser cresceu em um clima brutal; seus menores gestos e movimentos são vigiados pela polícia religiosa, enquanto a vida é ritmada pelos sermões estridentes do implacável imame da mesquita local. Inesperadamente ele recebe uma mensagem de amor escrita por uma desconhecida. Desafiando políticos e líderes religiosos, Naser se entrega a essa paixão, arriscando sua vida se for descoberto. Uma comovente história de amor proibido,
A leitura deste livro foi muito sofrida para mim, me peguei muitas vezes revoltada com os acontecimentos, mas, aí eu me lembrava que se tratava de uma história em uma cultura completamente diferente da minha, não que isso diminuísse a minha dor, porém atenuava a minha indignação.
Acompanhar a história de Naser foi um momento especial entre tantos livros que leio, pois me apaixonei perdidamente pelo personagem e senti as suas dores, suas frustrações, sua solidão e principalmente a esperança que o amor cura tudo e quando somos amados e amamos na mesma intensidade a nossa vida tem um “verdadeiro” sentido.
Em um campo de refugiados na África (Sudão) Naser aos 10 anos e seu irmão com 03 anos são mandados por sua mãe a morar com seu tio na Arábia Saudita. Porém, estrangeiros pobres na Arábia precisam ter um Kafeel, espécie de tutor (padrinho) a quem devem obediência, em suma, suas vidas.
Naser vive sob o sol inclemente das ruas de Jidá e carrega consigo muitos sonhos, sendo que o principal deles é trazer sua mãe para junto dele, pois, a saudade é muita e não suporta viver num mundo de só de homens. E este mundo se revela em um terrível pesadelo quando aos 15 anos tem que pagar a dívida de seu tio ao seu Kafeel, e com isso revolta-se e acaba só, dependendo da ajuda de amigos.
Um dos desses amigos Jasim tem um café e o emprega para ser garçom, só que num mundo onde as mulheres são esguias silhuetas escuras, são segregadas e seus dotes são caríssimos muitos homens resolvem seus “problemas” usando rapazes estrangeiros pobres e bonitos, até o casamento.
Naser reluta muito em aceitar este tipo de vida, e foge através de sonhos e desejos desta triste sina, com a esperança de um dia ser amado e amar uma mulher, esse passa ser um sonho de uma vida.
Ajudado por outro amigo, Naser vai trabalhar em uma lavadora de carros nas horas de folga, senta-se sob sua palmeira favorita, escreve para a mãe na África e sonha com a atraente atriz egípcia que espera um dia conhecer. É difícil se adaptar a um mundo que coloca tantas barreiras entre homens e mulheres: paredes nas mesquitas, painéis divisórios nos ônibus e véus nas ruas. Naser sente-se cada vez mais encurralado, sobretudo pela polícia religiosa que tudo observa através dos vidros escuros dos jipes do governo.
Mas um dia a vida lhe sorri quando, inesperadamente, um pequeno pedaço de papel é jogado aos seus pés. É um bilhete de amor, de uma mulher cujo rosto ele nunca viu e cuja voz jamais escutou. Ela informa que usará um par de sapatos cor-de-rosa na próxima vez que passar, para que ele a reconheça no meio de tantas mulheres vestidas com abayas pretas idênticas. A ansiedade é crescente; Naser e sua amada começam a trocar cartas. Em momentos de dúvida, no entanto, os sapatos cor-de-rosa parecem levá-lo a um beco sem saída de desejos frustrados, repletos de perigos.
Acredito que me assustei muitas vezes com a possibilidade de Naser e sua amada serem pegos nas trocas de bilhetes, e quando eles começam a se encontrar eu simplesmente temia tanto que fossem descobertos já que relacionamentos entre homens e mulheres solteiros são ilegais nas rígidas leis sauditas.
Enquanto vive o amor, Naser faz inimigos, conhece a traição, se torna um homem capaz de tudo, até mesmo enlouquecer por amor.
Dizer que gostei deste livro é pouco, pois, amei a história, onde pessoas que vivem em um sistema tão rígido e opressor conseguem através da ousadia, criatividade e até mesmo a insensatez buscar o amor e vivê-lo em sua total plenitude, mesmo que coloquem o que temos de mais sagrado em risco: a vida.
Conheça o autor:
Sulaiman S.M.Y. Addonia nasceu na Eritreia, de mãe nativa e pai etíope. Viveu seus primeiros anos em um campo de refugiados no Sudão, após o massacre de Om Hajar em 1976. No início da adolescência morou e estudou em Jidá, na Arábia Saudita. Vive em Londres desde 1990. AS CONSEQUÊNCIAS DO AMOR é seu primeiro romance.
7 comentários:
Mais um livro que me atrae como formiga para doce, adoro esse tipo de leitura forte, tocante, sofrida!
Adorei conhecê-lo por seus olhos Paty, amei a dica!
esse livro me lembrou muito a cidade do sol, entao acho que eu gostarei bastante desse livro que vc indicou tb.
A visao de outra cultura e outras formas de pensar e viver. Adoro livro assim :D
vlw pela dica
bju
letracomasa.blogspot.com
Paty!!!!
Só de ler sua resenha já senti o clima de opressão e de perigo! Realmente compreendo a sua revolta (como vc disse no começo do texto), pois quando li Princesa senti a mesma coisa...
Agora estou aqui curiosa com a história de Naser! Já colocando na lista...
bjs
Paty do céu, que história!!!
Deu pra sentir um monte de emoções no seu post. Imagine lendo o livro todo então!!
Valeu a dica rica.
bjss
Paty,
para ler um livro assim tenho que estar mto bem preparada.
Por enquanto não estou.
Mas vou querer ler.
Parabéns pelo post.
Bjos,
Jê
Uau! Que resenha, adorei!
Eu concordo com a Jeanne, tenho que estar preparada para tanta intensidade e, no momento, não estou. Mas é claro que ele vai pra lista. :)
Beijos, Ju
Acabei de ver na livraria quero voltar pra comprar história linda!!!
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