A Dinastia - Trilogia Ravenscar de Barbara Taylor Bradford


Uma saga sobre uma família extraordinária, ambientada em um tempo prodigioso. Uma manhã glacial de 1904 o futuro da família Deravenel muda para sempre. Quando Cecília Deravenel conta a seu filho de dezoito anos que seu pai, seu irmão, seu tio e seu primo foram mortos em um incêndio, parte do jovem morre também. Edward encontra soliderarida em seu primo Neville Watkins, que suspeita das circunstâncias da morte. Ambos prometem descobrir a verdade, vingar as mortes e recuperar o poder do império comercial roubado da familia há sessenta años atrás. Bonito, carismático e com reputação de mulherengo, o jovem Deravenel casa-se em segredo com Isabel Wyland, uma jovem viúva que fica ao seu lado quando ele descobre que precisa enfrentar o primo Henrique Grant. Entretanto, Isabel se mostra ambiciosa e com sede de poder. Enquanto o temperamento da esposa destrói seu casamento, Eduardo encontra na amante Jane Shaw a compreensão e o apoio de que precisa para alcançar seus objetivos. A casa Deravenel é fortemente abalada com todos os episódios de traição.


Segundo a autora, a trama, passada no início do século XX , centra-se na vida de Eduardo Deravenel, o herdeiro do império Deravenel. Para caracterizar a personalidade, aparência e caráter de Eduardo, a autora usou como modelo a figura do Rei Eduardo IV ou Eduardo Plantageneta que governou a Inglaterra no período da Idade Média. Até certo ponto, a história de Eduardo Deravenel se equipara ao do Rei Eduardo IV. Ambos perdem o pai em situações drásticas e de conflito, herdam títulos hereditários e lutam para reconquistar um império usurpado por parentes próximos.

Até aí tudo bem e viva os impérios que marcaram e marcam a tradição literária! Mas como Barbara Taylor Bradford pecou feio na construção da história. E me parece que, completamente esquecida do leitor, amontoou um punhado de palavras para pretextar um romance. E o resultado da ópera é um conjunto sucessivo de equívocos espalhados em uma narrativa inexpressiva, para não dizer ruim.

Cheguei a conclusão de que existem obras que funcionam muito bem (e só muito bem) no plano das idéias. È o caso de A dinastia, pois, infelizmente, a obra não coincidiu com uma idéia que, cá com os meus botões, deveria estar forjada em proporções épicas. Todo esse imaginário dinástico sempre me fascinou porque existe um sentido cultural, histórico (e sabe o que lá mais) que me torna uma curiosa inveterada acerca desse universo. Nem sei precisar o porquê do hábito. Talvez seja porque, muitas vezes é como monarcas que queremos nos ver e também aos outros, sem que pra isso seja preciso adquirir um título legítimo. Não é assim? Elvis é rei, a moça linda é uma princesa e o homem de nossas vidas é um príncipe. I’m the king of the world já disse Leo di Caprio uma vez. È... a realeza fascina e os soberanos das dinastias também.

No que se refere a mim, sou apaixonada por sagas familiares cujo legado de amor, amizade e fé supera as inevitáveis traições e rebeliões surgidas no enredo. Pois é, caí do berço esplêndido quando, ao longo da leitura, um pensamento reincidente e nada glamoroso projetava, ao virar de cada página, o meu grito de indignação: What the hell are you doing, Mrs. Bradford?

*****A partir daqui há spoilers no caminho. Se quiser prosseguir, fique à vontade. Dificilmente, conseguirei elencar as razões do meu desgostar sem exemplificá-las com base em algumas passagens do livro. *****

Parece-me que o livro escorregou das mãos da autora num ato de rebeldia e está até agora agonizando uma crise identitária. Que livro é esse? Nesse limbo existencial entre ser romance e ser mistério, deu mais pra dramalhão, mesmo. Para vestir a carapuça completa de dramalhão só faltava o protagonista atender pelo nome de Eduardo Afonso ou algo do gênero.

A seguir alguns comentários avulsos sobre a trama como um todo:

Quando a amante de Eduardo morre, ele grita ao vento seu juramento vingança. A imagem é bonita! Entretanto, mesmo a Scarlett O’hara baixando no moço não foi suficiente para subtrair o caráter pífio de sua vingança. Para reconquistar o império seu por direito, Eduardo, in grand style, simplesmente desbanca o conselho da empresa e torna-se seu Diretor Executivo ao revelar, como se ninguém ali soubesse, que só ele estudou e sabe as regras da empresa, que o presidente da empresa é um louco de pedra e o presidente interino é adúltero. Ah, e o que dizer do senhor Cliff que tem uma amante e o senhor Phillip que tem um amante? Do sexo masculino, como Eduardo faz questão de frisar.

E, pasmem, é assim que Eduardo torna-se o Diretor executivo da empresa enquanto todos correm amedrontados da sala de reunião para não mais voltar. Simples assim. Vingança risível e pueril. A mim me pareceu uma vingança de um garotinho que quebra a boneca da irmã porque esta lhe deu um tapa na cara. Que coisa mais sem glamour, nem vibrei com essa vitória! E o engraçado é que ele faz tudo isso, como a graça de uma lady, educadíssimo ao extremo, pra lá de bonequinha de luxo. Muito diferente do ar implacável que autora insiste em dizer que ele tem. Eu acho que eu li outro livro, então.

A propósito, uma das coisas que mais me irritou foi a menção repetitiva e incessante à beleza sobrenatural de Eduardo. Tudo bem que, desde os tempos bíblicos do Rei Davi, os ruivos estão em alta. Mas daí, a uma página sim e outra não, ter que agüentar mais uma vez a afirmação do quanto o Eduardo é de uma impressionante beleza, bonito, de boa aparência, além do porquê de todas as mulheres caírem a seus pés começou a soar meio psicótico para mim.

Por falar em psicose, o rapaz tinha obsessão por mulheres mais velhas, viúvas ou a ponto de. Seu esporte preferido era roubar-lhes de seus maridos descuidados. Ah, detalhe, assim que as conquistava, perdia o interesse. Ele mesmo disse isso, não fui eu. Com ele funciona o esquema linha de produção total e sem muitas delongas. Mas, Eduardo pode e tem o aval de toda a sua parentela e amigados. Afinal, ele é lindo. Blargh! Eu detestei o protagonista. Casou-se só porque a mulher em questão se fez de difícil. Depois se arrependeu, encolheu os ombros e, com a sua elegância peculiar, manteve o ar blasé estampando na cara como quem diz “Quem casei? Alguém casei?”.

Aliás, (essa eu tenho que contar!) a trama é cheia de saltos bruscos. Saltos mesmo de fazer inveja a Maurren Maggi. E o pior não é isso. De repente, em diálogos pouco animadores, os personagens detalham “pequenas mudanças” em suas vidas. “Não sabia? Fugi e casei com fulana de tal”! Tudo dito como quem avisa que vai ali comprar um maço de cigarro. Padre, Pastor, Guru, Juiz de Paz, você os viu? E as testemunhas? Quase todos os casamentos da trama, inclusive o do protagonista, acontecem assim e o leitor fica sendo o último a saber.

Outro ponto que me causou arrepios foi o excesso populacional presente na trama. Os personagens simplesmente brotam do nada e voltam para lá num piscar de olhos. È gente a sair pelo ladrão e algumas delas, para confusão do leitor, portando nomes idênticos. Em metade do livro, eu não conseguia dizer quem era quem. Charlie, Maisen, Kathleen...enfim, quem és tu, cara de tatu? Desnecessário dizer que com isso os personagens assumem, ao longo de toda a trama, contornos pálidos e sem apelo.

Mas, o golpe de misericórdia é a dedicatória feita por Barbara ao seu marido: Robert Bradford. Para se ter uma idéia da santidade desse senhor, ele conviveu com esses personagens por mais de 26 anos! Quá, quá, quá... a imagem que me vem à mente, é a do Senhor Bradford amargando, em silêncio conjurado, esse cálice por anos a fio, looooouco para passá-lo adiante. Passou-o agora para nós. Bandeira branca, amor, não posso mais é pouco!

Ah, a sinopse é um logro, joga um beijo doce para, à segunda vista, abocanhar a dentadas a promessa do prazer acenada. Depois de lido, a única saga que presenciei foi a da prosa repetitiva, a dos diálogos pouco críveis e a dos fluxos de consciências mal costurados.

Os fãs da BTB que me desculpem, tive dela uma péssima impressão uma vez que não a conhecia. Não consegui travar um contato mais caloroso com a obra, para dizer o mínimo, e não avento, nem em sonhos, ler a seqüência da série Ravenscar.

9 comentários:

Vania disse...

Eu também li esse livro. E detestei. È intragável e concordo com sua opinião. Não recomendo!

Driza disse...

Oi Vivi,
o livro pode ser ruim, mas sua crítica foi tudo de bom. Vc literalmente passeou nas palavras, no elementos usados como comparação e no tom de humor.
Parabéns!
bjs

Driza

Anônimo disse...

Vivi, concordo com você. Larguei a leitura pela metade pra não sucumbir de tédio. Como que publicam um esboço desse?

Bjs
Luanna

Anônimo disse...

Vivi, concordo com você. Larguei a leitura pela metade pra não sucumbir de tédio. Como que publicam um esboço desse?

Bjs
Luanna

lili disse...

Puxa, com tantos livros maravilhosos pelo mundo afora, por que publicam péssimas leituras? Lamentável =/

Mas, não posso deixar de elogiar seu comentario Vivi. Como sempre muito bem escrito e desenvolvido. Parabéns amiga.

bj

Patricia Cardoso disse...

Livro ruim, passo longe. Vivi adorei o seu post.

Beijos,

Paty

Janna disse...

Bom dia...tem vários selinhos pra vc no meu Blog....BjOs

Jeanne Rodrigues disse...

Vivi,

Esse livro vai passar bem longe da minha lista...
Mais um comentário ótimo...

Bjos

Elaine disse...

Olá!
Me ofereceram o livro em uma troca e antes de topar fui procurar pelas resenhas.
Depois da sua desisti definitivamente.
Beijos e parabéns pelo blog lindo e tão bem citado em outros blogs literários.

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