
Após receber uma estátua da Virgem, o nicho sobre a porta da Igreja em que será colocada a imagem é pintado de um azul tão intenso quanto o céu da tarde. Os raios solares iluminam o azul com veemência, tocando os cabelos da jovem Isabelle e tingindo-os de um cobre que permaneceria mesmo depois de o sol ter ido embora. A partir de então, a menina passa a ser conhecida por La Rousse (A Ruiva) e precisa esconder as longas mechas vermelhas sob uma touca - envergonhada por aquele traço que aponta uma inusitada ligação com a Virgem Maria e a faz ser considerada suja, contaminada, uma feiticeira. Quase cinco séculos depois, Ella Turner, uma mulher independente de 28 anos, sai dos Estados Unidos e vai morar na França com o marido Rick. Lá começa a ter aulas de francês, perde o otimismo, tenta engravidar e procura desesperadamente uma solução para não continuar a se sentir uma estranha no novo país. Começa então a ser acometida por pesadelos inexplicáveis, repletos de versos franceses dos quais desconhece a origem, tingidos de um azul vívido, ao mesmo tempo claro e escuro. Ella então recebe uma carta de Jacob Tournier, seu primo da Suíça, revelando um pouco sobre os antepassados franceses que haviam imigrado para os Estados Unidos no século XIX.
O livro tem uma leitura rápida, com uma trama chamativa, alternando entre o passado e o presente. Mas, considero o livro inacabado e seus personagens volúveis. Não consegui ainda definir e entender o caráter de Ella. Achei em alguns momentos a personagem totalmente perdida, como o próprio marido dela no livro cita. Apesar da própria autora deixar claro que era apenas o ponto de vista dele. Eu não concordo. Achei a protagonista insensível e fútil.
Apesar disso, ainda prefiro Ella. Sinceramente não entendo como Isabelle teve a coragem de se casar com o irritante e violento Etienne...
Bom, deixando os pontos negativos de lado, "O Azul da Virgem" alterna entre as histórias de duas mulheres. A primeira, Isabelle du Moulin que viveu no século 16. França. Quando moça, na frente da igreja de sua comunidade, o sol refletiu em uma recém terminada pintura da Virgem Maria e seu cabelo vermelho foi imediatamente associado ao de Isabelle. A partir desse dia, ela foi chamada de La Rousse (A Ruiva). Mas estar associada à Virgem Maria perdeu a sua popularidade quando o Calvinismo tornou-se a religião dominante e aí começou a ser perseguida e discriminada em sua cidade...
A segunda mulher é Ella Turner, uma americana que se muda para a França quando o seu marido é transferido do trabalho. Por lá, Ella começa a ter sonhos perturbadores, que com a ajuda do bibliotecário local, partem para a missão em querer descobrir mais sobre a história de seus antepassados - especialmente o terrível segredo de Isabelle du Moulin.
O livro tem uma trama intrigante e forte, mas foi agitado ao extremo - após tantas páginas de prosa - foi abrupto e insatisfatório. Ficaram muitas perguntas sem respostas: O que aconteceu com a Isabelle? Porque é que ela deixa o seu filho favorito sozinho na estrada? Afinal, ela voltou para a família Turner ? Fiquei frustrada com tantas lacunas.
Apesar disso, eu avalio como uma boa história, mesmo com tantos defeitos, considero-a devidamente bem escrita e eu achei o cenário histórico, os huguenotes, a violência perpetrada pelos católicos, a viagem a Suíça e o papel da superstição - muito interessante. Talvez só minhas expectativas tenham sido muito altas...
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Lili,
ResponderExcluirTinha comentado nesse post, não sei o que houve..
Livros assim sempre me interessam, mas devido as nuances que vc citou acredito que nao irei gostar...
Bjos